Símbolo do movimento de contracultura, o tie-dye conquistou espaço no mundo da moda como forma de autoexpressão. Dessa forma, a técnica de tingimento artesanal associada aos hippies dos anos 60 ressurgiu nas últimas temporadas como tendência que veio para ficar.

Assim, a estampa psicodélica invadiu o streetstyle (e os feeds de Instagram) em looks mais elegantes e sofisticados. E que pouco lembra o estilo “manchadinho” que tanto fez sucesso nos festivais de música do passado.

Na quarentena, esta técnica de tingimento artesanal ganhou ainda mais adeptos. Pessoas que aproveitaram o tempo em casa para customizar peças com cores vibrantes e muita criatividade.

Como surgiu o tie-dye?

Embora o tie-dye tenha ganhado popularidade na segunda metade do século XX, na realidade sua história começou muito antes disso. Essa forma de tingimento é muito mais antiga do que se imagina. Há registros de amostras desde os tempos antigos, no Peru, China e no continente africano.

De acordo com o professor Fabiano Fernandes Reis, que ministra a disciplina Materiais e Beneficiamento Têxtil na Faculdade Senac Criciúma, o tie-dye tem sua origem histórica datada entre os séculos VI e VIII. No Japão, por exemplo, a técnica ficou conhecida como Shirobi; já na Índia, era chamada de Bandhani.

“As duas técnicas de tingimento têm como objetivo fazer nós no tecido para obter um efeito de cores diferentes. Dessa forma, essas amarrações e cores tinham muito significado cultural em cada região e pais que utilizava a técnica”, explica.

Tie-dye: significado na moda e cultura

Em inglês, tie-dye ou tie and dye significa literalmente “amarrar e tingir”. Ou seja, na prática, é uma forma de tingimento artístico de tecidos. Passados séculos desde o surgimento deste processo, o tie-dye voltou nos anos 60 nos Estados Unidos ao lado de movimentos culturais e sociais.

“Eles protestavam contra o racismo, contra as guerras e pregavam a liberdade. Portanto, utilizavam suas vestimentas como forma de se comunicar. O tie-dye, por exemplo, foi expressão do movimento hippie no reaproveitamento de roupas, popularizando essa técnica no mundo todo”, diz o professor Fabiano.

Nos anos 1990, o tie-dye reapareceu com o estilo de vida de punks, clubbers e até surfistas. Dessa forma, passou a ser visto nos desfiles de moda do mundo todo, conseguindo assim o respaldo de grandes marcas. “Com essa confirmação, o tie-dye continuou a aparecer com uma frequência mais discreta até que em 2019 despontou novamente com grande força nas passarelas”, completa.

Tie-dye na quarentena

E o que já era hot trend se transformou em item indispensável no guarda-roupa durante a quarentena. Assim, a estampa psicodélica despertou interesse das pessoas pela facilidade em personalizar roupas em casa. O movimento DYI (Do it yourself ou faça você mesmo) visto durante o isolamento social contribuiu para a explosão do tie-dye no mercado da moda.

Se no passado o tie-dye era utilizado como forma de expressão cultural, hoje passou a ser incorporado a um estilo pessoal e tendência de moda. Porém, as técnicas de produção não se alteraram com o passar dos anos: o tingimento do tecido cria efeitos variados que podem ser usados em roupas e acessórios. “O bacana do tingimento tie-dye é que seja uma técnica artesanal ou técnicas industriais cada peça produzida irá apresentar um aspecto único”.

Dicas para em casa

Confira o passo a passo do professor Fabiano Reis para fazer uma peça de tie-dye em casa:

  • Amarre objetos, franza, amasse ou faça nós no tecido ou peça.
  • Enrole ao redor com barbante ou elástico para que não se desmanche.
  • Umedeça e coloque no banho de tingimento por 30 minutos. (Podendo utilizar técnicas de tingimento natural ou corantes industrializados encontrado em loja de aviamentos)
  • Se quiser, amarre em novos lugares para conservar a primeira cor e tinja novamente.
  • Retire, enxágue e seque à sombra.

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