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Com o entendimento de que práticas sustentáveis são necessárias para garantir o bem-estar coletivo, a disseminação do consumo consciente se tornou cada vez mais importante. E tem sido percebida por diferentes grupos de consumidores. Assim, as pessoas passaram a refletir com antecedência sobre a real necessidade de realizar uma compra. E, ainda, critérios que envolvem não apenas os benefícios de quem usa, mas os impactos dessa compra para toda a sociedade.
Basicamente é pensar: devo realmente comprar? E se a resposta for sim, ponderar: quais impactos serão causados no meio ambiente? Desse modo, quem passa a ser um consumidor consciente consegue fazer uma revolução, já que suas escolhas afetam positivamente o planeta.
Desde que o ser humano estabeleceu a prática da troca, tem buscado adequar suas necessidades às relações com a comunidade e a natureza. No entanto, a sociedade industrial acentuou outras características – nem sempre relacionadas à necessidade.
“O ato de comprar passou a considerar condições como a representação simbólica de um bem ou mesmo a geração de um prazer. Quem nunca escolheu efetuar uma compra que, mais tarde, acabou refletindo ter sido desnecessária? Pode ser um item adquirido por impulso no supermercado, um novo sapato, mesmo com um armário cheio. Ou um serviço estético com a intenção de impressionar um grupo de pessoas?”, questiona André Luiz Carvalho, professor especialista em varejo e turismo do Senac SC.
Quem passa a ser um consumidor consciente consegue fazer uma revolução. Isso porque suas escolhas impactam positivamente, desde maior controle financeiro até a melhora da qualidade de vida da sociedade como um todo.
“Saber o valor nutricional de um alimento, entender quais componentes de determinado item são recicláveis, identificar se em uma cadeia de suprimentos é feito uso de trabalhos com exploração de seres humanos ou animais, em condição desfavorável, não só permite que ele escolha condições favoráveis para si, como pressiona seus fornecedores a melhorarem suas práticas, e por consequência, contribui para toda a sociedade”, afirma.
Então, o professor acrescenta que muitos desses consumidores se sentem orgulhosos do papel que desempenham. E convidam, por meio das redes sociais, outras pessoas a tomarem decisões mais racionais em suas escolhas. Dessa forma, essa atitude faz com que a opinião deles tenha impacto superior a qualquer propaganda ou promoção das marcas.
Em contrapartida, tudo isso faz com que muitas indústrias mudem suas propostas de valor. Como consequência, também optam por aderir ao estímulo consciente em suas comunicações. Assim, a importância desse processo garante a busca pelo uso mais equilibrado de recursos naturais e o fortalecimento do senso de coletividade.
O consumo exagerado causa uma série de problemas, tanto de ordem individual quanto coletiva. Considerando que todos habitamos o mesmo local, o mesmo planeta, quando descartamos um resíduo, apenas o colocamos em outro lugar que não em nossa residência. Mas ele continua aqui, seja no aterro, na rua, no bueiro ou no mar. Dessa forma, nem todos têm a consciência que um plástico descartado pode impactar todo um ecossistema marinho, por exemplo.
E se ele é gerado de um item desnecessário, consumido em exagero, há a potencialização de todo esse processo, desequilibrando a balança de custo x benefício. Além disso, o acúmulo de materiais provocados pelo excesso de consumo reduz espaços, amplia o consumo de energia e reflete também em recursos naturais.
Você já parou para pensar o quanto já se produziu de plástico em todo o mundo? De acordo com um estudo publicado pela renomada Science Advances, estima que esse número gire em torno de 8,3 bilhões de toneladas. Para se ter uma ideia, até 2015, apenas 9%, deste total, foram reciclados, 12% foram incinerados e 79% foram acumulados em aterros ou no ambiente natural. Se nada for feito para mudar esse cenário, até 2050, cerca de 12 mil toneladas de resíduos plásticos ficarão no meio ambiente, sem destinação correta.
“Ter sempre o último celular, recém-lançado, exige que toda uma indústria mobilize desde a extração de metais e produção de plásticos até a intensificação dos transportes, sendo que muitas vezes aquele modelo que já dispomos poderia atender muito bem nosso uso por um bom tempo”, diz.
Entre as boas práticas adotadas pelos consumidores, as mais populares estão relacionadas ao meio ambiente. Como por exemplo escolher produtos em que as embalagens tenham capacidade de reciclagem, empresas e marcas que tenham políticas de logística reversa. Ou, então, buscar informações sobre a origem dos produtos e métodos de produção ou fabricação e ainda comparativo entre marcas. Não apenas em preço, mas também em práticas adotadas pelas empresas.
“É importante também entender os componentes que integram os produtos. Além disso, o controle financeiro, como a disciplina na ida ao supermercado com a lista de compras, o auxílio de profissionais de saúde e nutrição para identificar quais alternativas mais saudáveis para seu biotipo podem ajudar”, enfatiza.
Buscar modos de vida mais minimalistas, a identificação do consumo de energia dos equipamentos eletroeletrônicos com a opção pelos mais econômicos, reuso e doação de itens e materiais em bom estado, também são boas alternativas. Mas acima de tudo, a melhor prática se concentra em tentar pensar e avaliar bem antes de efetuar uma compra ou consumir um produto, para ter a convicção que aquela é a melhor decisão.
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